A crise hídrica que já impacta o estado do Rio de Janeiro e outras regiões brasileiras é um alerta para a necessidade de reduzir o consumo de água. Com os principais reservatórios em níveis críticos, cidades como Niterói, São Gonçalo e Maricá estão sofrendo com a redução do abastecimento. Sem previsão de chuvas, a situação tende a piorar, afetando mais de 11 milhões de pessoas.
Para agravar esse cenário, a nova cobrança de água com único hidrômetro nos condomínios, sem medição individual, tem desestimulado o consumo consciente. A decisão recente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) estabeleceu que todos os apartamentos de um condomínio sem hidrômetros individuais pagarão uma tarifa mínima uniforme, e o consumo que ultrapassar esse limite será cobrado progressivamente. Essa mudança pode resultar em aumentos de até 400% nas contas de água, gerando insatisfação entre os moradores.
O engenheiro especialista David Gurevitz, diretor do Grupo Delphi, aponta que a falta de hidrômetros individuais pode desencorajar a economia de água, já que os moradores pagam uma tarifa fixa, independentemente do consumo. Ele propõe algumas soluções práticas que podem reduzir o desperdício de água nos condomínios e ajudar a conter os gastos.
1. Hidrômetros individualizados: Incentivando o consumo consciente
A instalação de hidrômetros individualizados é uma das medidas mais eficazes para estimular a redução do consumo. Quando cada unidade do condomínio paga pela quantidade exata de água que consome, os moradores tendem a ser mais cuidadosos, evitando desperdícios. Embora o investimento inicial na instalação possa ser elevado, a economia a longo prazo justifica o custo. Além disso, realizar vistorias regulares nas instalações hidráulicas, especialmente em bombas d’água, ajuda a identificar vazamentos precocemente. Pequenos vazamentos, quando não detectados, podem resultar em contas elevadas no fim do mês.
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2. Inspeções preventivas: Como evitar desperdícios invisíveis
As inspeções regulares são simples, mas altamente eficazes na economia de água. Muitas vezes, problemas como vazamentos e falhas em sistemas hidráulicos passam despercebidos, causando aumento significativo nas contas. Essas vistorias podem ser realizadas por profissionais especializados, como engenheiros mecânicos ou eletricistas, que também podem avaliar o consumo de energia elétrica. No entanto, pequenos check-ups podem ser feitos pelos próprios funcionários do condomínio, como os porteiros, que podem inspecionar os hidrômetros diariamente e verificar a existência de vazamentos em torneiras e sanitários.
3. Monitoramento do consumo diário: Prevenindo o desperdício
Uma medida simples que pode evitar surpresas desagradáveis na conta de água é o monitoramento diário do consumo. Ler o hidrômetro todos os dias ajuda a identificar alterações anormais no consumo, que podem indicar vazamentos ou mau uso. Caso o consumo esteja acima da média, é recomendável acionar imediatamente um bombeiro ou encanador para investigar e corrigir o problema. Além disso, verificar constantemente torneiras, chuveiros e válvulas de descarga é essencial para manter o sistema hidráulico em perfeito funcionamento.
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4. Substituição de tubulações antigas: Uma solução a longo prazo
Tubulações antigas, principalmente de ferro, são grandes vilãs quando se trata de vazamentos. Substituí-las por tubos de PVC, que são mais resistentes e menos propensos a corrosão, pode ser uma solução definitiva para reduzir perdas de água. Embora esse tipo de reforma demande planejamento e investimento, os benefícios de longo prazo em termos de economia e durabilidade compensam o esforço.
5. Reaproveitamento de água: Alternativas sustentáveis para condomínios
Uma forma eficiente de reduzir o consumo de água potável é investir em sistemas de reaproveitamento de água. Coletar a água da chuva para uso em áreas comuns, como jardins ou limpeza de áreas externas, pode gerar uma economia significativa. Da mesma forma, o uso de sistemas de ar-condicionado que captam e reaproveitam a água gerada durante o processo de refrigeração é uma solução sustentável. Além disso, o uso de painéis fotovoltaicos pode ajudar a reduzir tanto a conta de energia quanto a de água, já que muitos sistemas de reaproveitamento dependem de energia elétrica para seu funcionamento.
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6. Equipamentos eficientes e mudanças de hábitos: Pequenas ações, grandes resultados
Além de medidas estruturais, incentivar mudanças nos hábitos dos moradores é essencial para a economia de água. Equipamentos como lavadoras de roupas que consomem menos água e energia devem ser priorizados. Instalar aeradores em torneiras e reduzir o tempo no banho são ações simples que, quando somadas, fazem uma grande diferença. Adotar práticas conscientes no dia a dia, como fechar a torneira ao escovar os dentes ou lavar a louça, também contribui para a redução do consumo de água no condomínio.
Conclusão
A crise hídrica e a nova forma de cobrança de água nos condomínios sem hidrômetros individualizados são desafios que podem ser enfrentados com medidas simples e práticas. Desde a instalação de hidrômetros individuais até a adoção de hábitos mais conscientes, existem várias maneiras de reduzir o consumo e evitar desperdícios. Investir em sistemas de reaproveitamento e realizar vistorias regulares são ações fundamentais para garantir que os condomínios enfrentem esse cenário com responsabilidade e eficiência.
Essas ações, além de preservarem o meio ambiente, também trazem benefícios econômicos para os moradores, ajudando a evitar aumentos excessivos nas contas de água e promovendo uma convivência mais sustentável e consciente.